Em palestra para servidores, Denise Fraga relembra a necessidade de se olhar o lado humano das conexões pessoais

Evento digital foi organizado em parceria por TCU, Câmara e Senado, com patrocínio do Sindilegis

 

Na manhã desta quinta-feira (29), a atriz Denise Fraga entreteu e emocionou os servidores do Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União com a apresentação da palestra “Conexões humanas em tempos digitais”. O evento foi organizado em parceria entre TCU, Câmara dos Deputados e Senado Federal, com apoio do Sindilegis, como parte da celebração à Semana do Dia do Servidor, comemorado em 28 de outubro.

O vice-presidente do Sindilegis Alison Souza parabenizou a iniciativa das Casas em promover ações que, de fato, valorizem os servidores das instituições. Além disso, o dirigente trouxe a questão das conexões humanas para o cenário atual de isolamento causado pela pandemia da Covid-19. Alison levantou a reflexão de que esse contexto impactou as vidas dos servidores de várias formas, como nos seus relacionamentos pessoais e pontuou a importância de sempre se levar em consideração o fator humano: “A tecnologia pode sim ser uma aliada nas conexões humanas e isso ficou muito evidente durante a pandemia, mas é preciso manter em mente que por trás das máquinas existem pessoas”.

Assista ao vídeo completo da palestra:

Ainda sobre o contexto de pandemia, Denise Fraga sugeriu que o momento pode servir como uma oportunidade de crescimento e aprendizado sobre como utilizar os recursos tecnológicos à disposição de uma maneira mais “efetiva e afetiva” no modo de nos relacionarmos uns com os outros. Nisso, ela citou o próprio exemplo, de ter mudado a forma de se comunicar com a mãe, que mora em outro estado: antes a comunicação era muito mais por mensagens de WhatsApp e ligações, agora o contato à distância ocorre mais por chamadas de vídeo, o que dá a sensação de um contato mais próximo e afetuoso.

Em uma conversa descontraída, com muitas anedotas e cheia de referências, a atriz lembrou das lições de uma das peças em que atuou, A Alma Boa de Setsuan, com texto de Bertolt Brecht. Na história, uma bondosa dona de uma tabacaria, cansada de ver sua gentileza ser explorada pelos moradores de sua vizinhança, se disfarça de homem, um primo incumbido de cuidar dos negócios de forma dura e às vezes cruel. Denise observa que, muitas vezes as pessoas colocam a gentileza em segundo plano por medo de terem essa abertura abusada, como ocorre na narrativa. Um caminho melhor seria ter uma “gentileza firme”, saber a hora de dizer não e aprender a conversar sobre as situações e limites.

Para Denise, manter uma relação aberta e afetuosa com as pessoas é uma coisa que não se pode ter como garantido, mas que na verdade requer exercício constante. “A escuta sincera e atenciosa, a empatia e o amor são todos exercícios. Às vezes é sofrido, dói”, confortou.

A atriz também destacou a necessidade de procurar momentos na rotina para se “manter em dia consigo mesmo”, por meio de atividades pessoais, seja nas artes ou em outros assuntos de interesse, que tragam satisfação. Durante a palestra ela ressaltou que também é preciso cultivar o silêncio, “algo que o mundo virtual não tem.” O silêncio breve no meio de um discurso deixa a fala ecoar, ajuda a assimilar o raciocínio que foi exposto, dá um peso maior para as palavras. Assim, cultivar essas pausas tem a ver com absorver melhor o que chega até nós.

Outro tópico abordado por Fraga foi o aumento de pessoas com transtornos psicológicos de ansiedade e depressão. “Antes dessa pandemia a gente já vivia uma outra pandemia silenciosa. Eu nunca havia visto tantas doenças de ansiedade”. Denise atribui essa realidade à dinâmica frenética e conectada, que acaba por provocar efeitos de “reformatação” no comportamento das pessoas. Para que os efeitos desses novos padrões não tragam consequências nocivas, a proposta é refletir sobre essas mudanças e, ativamente, exercitar comportamentos que tragam equilíbrio à rotina.

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