Pré-candidato ao Planalto aponta falhas do governo atual e propõe soluções econômicas para tirar o Brasil da crise
“Se é para manter o sistema, para que tirar o Bolsonaro?”. Foi reforçando o tom de terceira via que o pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) participou de forma virtual do evento Pensar Brasil – ‘Diálogo sobre trabalho, desenvolvimento e futuro’, que acontece no Museu do Amanhã nos dias 12 e 13 de maio e tem transmissão no site www.pensarbrasil.com.br. Ele esteve acompanhado de Antônio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), e de Carlos Lupi, presidente do PDT.
Ciro foi o primeiro dos presidenciáveis a falar no congresso e aproveitou a oportunidade para criticar antigos presidentes pelo que ele chamou de crise de ‘governança política’. Dando como exemplo, ele lembra que o aumento de preços da gasolina do país é responsabilidade não apenas do atual governo: “A política de preço da Petrobras do Fernando Henrique Cardoso e do Lula deram espaço de voto para acionista estrangeiro”, pontuou. Citando números do orçamento da União e mostrando que o investimento é o menor da história, ele defendeu que o próximo presidente não apenas precisa ser diferente do atual, mas precisa atuar para modificar o modelo econômico do país. “A burguesia de esquerda pensa que a nossa única tarefa é derrotar o Bolsonaro. Não é”.
“4 milhões de pessoas desistiram de procurar emprego no último mês. Outros 12 milhões são considerados desempregados pelo IBGE. E chocantes 50 milhões estão na informalidade, com jornadas de 60 horas de trabalho. Isso sem contar com 50 a 60 milhões de brasileiros sem cobertura previdenciária. A renda está declinando ao menor valor médio desde que se mede. Isso porque temos o segundo menor valor de salário-mínimo da América Latina, só ganhamos da Venezuela.”
Sobre Bolsonaro, Ciro lembrou a trajetória no legislativo como deputado do chamado pequeno clero: “O governo atual está agravando a crise, mas a tragédia vem lá de trás. É claro que Bolsonaro não governa, há corrupção até na compra de vacina. Mas como ele tem a resiliência competitiva? Nosso povo não é burro. Ele está magoado, tem lembrança. A maioria da população está endividada”, contou chamando a atual política de juros de “criminosa”. “E Lula assumiu compromisso de manter direção do Banco Central”.
Para Ciro, apesar dos desafios, o próximo presidente pode encontrar saídas para essa crise. “Há solução, mas mexe com interesses importantes. Por exemplo: cobrar imposto de lucros dividendos. Cobrar imposto sobre herança”, citou, lembrando das práticas tributárias do Ceará, enquanto ele era governador do estado. Gomes foi apresentado pelo presidente de seu partido, Carlos Lupi que, em sua introdução, aproveitou para também criticar o atual presidente. “O governo tenta desviar os assuntos. Se fala sobre possibilidade de golpe, mas não se discute inflação”, apontou.
Lupi lembrou que Leonel Brizola, um dos nomes históricos do PDT, sempre criticou a urna eletrônica, mas exigindo a possibilidade de conferência do voto. “O que Bolsonaro quer é voltar à idade da pedra. Essa não é a discussão do país.” Após a fala de Gomes, Antônio Neto fez um breve comentário sobre a insegurança jurídica causada pela última reforma trabalhista, de 2017. Segundo ele, há 14 ações diretas questionando no STF. Lupi ainda sugeriu levar uma proposta para os presidenciáveis de revogar tudo que está sub judice.
*Sobre o PENSAR BRASIL*
O PENSAR BRASIL – Diálogo sobre trabalho, desenvolvimento e futuro, conjunto de debates e palestras que vai proporcionar até a sexta-feira (13) um diálogo aprofundado sobre as relações trabalhistas, o crescimento econômico e os desafios do país. O congresso tem entre seus convidados os pré-candidatos à Presidência da República Ciro Gomes (PDT), André Janones (Avante), Pablo Marçal (Pros) e Santos Cruz (Podemos), assim como nomes com larga experiência quando o assunto é o mercado de trabalho ou áreas correlatas.
O evento foi criado pelo Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário e do MPU no DF (Sindjus), pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) e pela Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários-SP).