Evaldo José da Silva Araújo

Evaldo Araujo é caruaruense, nascido em 14 de maio de 1963, no Bairro da Rua Preta. É filho de Eugênio Queiroz e Janete da Silva Araujo. Tem três filhos, Tomás, Clara e Luiza. Poeta cordelista, improvisador e declamador. Entre os seus trabalhos destacam-se: “Nas Ruas da Rua Preta, vive Eugênio Queiroz”, “No Balanço da Toyota”, “Contas do Prefeito de Pirambu”, “Karl Marx Matuto”, “O Pinto do Padre”, “A malhação do Judas” e o “Enjeitado do Diabo” (trilogia em desomenagem a um falso mito). É membro da Academia Caruaruense de Artes e Filosofia – Acafil, ocupando a cátedra Mestre Dila (Cordel).

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Paraíba, tesouro de cultura!
(Minha declaração de amor à Paraíba)

Pedro Américo pinta o céu de Areia
Xico César põe fogo nos facistas
Mama África expulsa os racistas
Escurinho ciranda co’a sereia
Catolé tem cultura em sua aldeia
No sertão, dinossauro se mistura
Tem as pedras cobertas de gravuras
E cinema gravado em Cabaceiras
Zé Limeira cantando na Teixeira:
Paraíba, tesouro da cultura!

Marinês, a rainha do xaxado
Pernambuco deixou, não voltou mais
Elba canta com gestos teatrais
Lucy Alves faz um forrofiado
Clã Brasil complementa do seu lado
Pôr-do-sol lá no Jabre, belezura
Tem Vandré enfrentando a ditadura
Tem repente com Pinto do Monteiro
Bastiana com Jackson do Pandeiro
Paraíba, tesouro da cultura!

Tem Biliu de Campina cincopando
E Sivuca com Feira de Mangaio
Trupizupe voando como raio
Tem Seu Chico Pedrosa declamando
Os Nonatos um mote improvisando
E Alice Vinagre na pintura
Lá do Brejo sai a cachaça pura
No friozinho da serra em Bananeiras
As Ceguinhas cantando pelas feiras
Paraíba, tesouro da cultura!

Zé Ramalho cantando Chão de Giz
Cassiano tocando Primavera
Amazan descrevendo uma tapera
Com Chicó, Ariano mente e diz
Que João Grilo sonha  mas é feliz
Pra poder enfrentar a vida dura
Matureia exportando rapadura
José Lins escrevendo Fogo Morto
Cabedelo das praias e do porto
Paraíba, tesouro da cultura!

Tem Saudade de Ocê, Vital Farias
Dedilhando, Inácio da Catingueira
Zé Américo inovando em Bagaceira
Jessier com seus causos e poesias
Tem novenas, tem fé, tem romarias
Retirante, orando, pede cura
Dom Vital celebrando com bravura
Tem o Mestre Azulão lá de Sapé
Em Monteiro, toca Flávio José
Paraíba, tesouro da cultura!

Quando Augusto dos Anjos apresenta
Sua singularíssima pessoa
Genival mugangando canta loa
No forró, Cecéu chega e arrebenta
Seu Antônio Barros se movimenta
Faz pra ela um carinho e uma mesura
Vem a lua ilumina a noite escura
Para Bartô Galeno tocar fita
Luta e coco vai ter Dona Lenita
Paraíba, tesouro da cultura!

Zé Vicente ensinou lá em Pocinhos
Como é grande e bonita a natureza
Oito baixos tocando com destreza
Os Calixtos, José e Luizinho
Completando o time, tem Bastinho
Colocando o forró lá nas alturas
O matuto esquece que tem agrura
Quando escuta o som de Escadaria
Em teu solo eu só sinto alegria
Paraíba, tesouro da Cultura!

Kukukaya cantou Cátia de França
Cordel é Leandro Gomes de Barros
A Sinfônica e os seus sons tão raros
Deixa Sandra Belê virar criança
Vem Glorinha Gadelha e se balança
Canta “amar, amar” com formosura
Tem casal que na hora já faz jura
Harmonia é Pinto do Acordeon
Toca muito pois já nasceu co’o dom
Paraíba, tesouro da cultura!


Paralamas tem Herbert Vianna
Bailarina canta Maurício Reis
O sol lá nasce bem antes das seis
Ir pra Areia Vermelha é tão bacana
João Gonçalves já diz coisa sacana
Pra depois cantar “cai, cai tanajura”
Zé Pereira comanda a ruptura
Em Princesa, cidade rebelada
Potiguaras em luta organizada
Paraíba, tesouro da cultura!

Luciano Aderaldo faz alarde:
O cordel do Brasil é brasileiro
Zé do Norte no filme O Cangaceiro
Meu Pião, Sodade Meu Bem Sodade
Vem Manoel Camilo com A Verdade
Bebel Lelis com sua xilogravura
Tabajara não aceita censura,
Toca Genival Santos, roedeira,
E Canhoto, violão de primeira
Paraíba, tesouro da cultura!

O caminho de engenhos, alambiques
Renascença que vale mais que grife
Guabiraba que tem Arte Naif
A Cachaça que é melhor que uísque
Se você não provou, vá logo, arrisque
Vamos juntos nessa bela aventura
Sem vexame, vamos lá criatura
Pra fazer o caminho dos tropeiros
Borborema o nosso paradeiro
Paraíba, tesouro da cultura!

Serra da Teixeira – PB, na paz de um dia que eu sonhei,

Evaldo Araújo

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