Evaldo José da Silva Araújo

Evaldo Araújo nasceu em Caruaru, no Bairro da Rua Preta, em 14 de maio de 1963. É filho de Eugênio Queiroz e Janete da Silva Araújo e tem três filhos: Tomás, Clara e Luiza. Atua como poeta cordelista, declamador e improvisador. Seus poemas seguem a tradição cordeliana e muitos defendem a cultura nordestina e os direitos dos trabalhadores.

Dentre seus trabalhos, alguns se destacam, como “Nas Ruas da Rua Preta, vive Eugênio Queiroz”, publicado pela Editora Coqueiro. Pela Livraria Expressa, lançou “No Balanço da Toyota” e “José nada vai perder por que já fez o seguro”. “Universales Edições” publicou outros de seus cordéis como “Amor juro não sei porque fiquei bebo assim”, “Contas do Prefeito de Pirambu”, “Karl Marx Matuto”, “A malhação do Judas” e “O enjeitado do satanás”.

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POESIAS

Dez Décimas

Anistia Não

A cadela do fascismo
Segue em seu eterno cio
Castremo-la com todo brio
Dando basta ao terrorismo
Só a força popular
É que pode assegurar
A plena democracia
É preciso repressão,
Apuração, punição
E nada de anistia!

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Não existe carga mais pesada
Do que essa que a idade põe na gente

Toda vez que levanto digo ai
Toda vez que me deito digo ui
Relembrando de quando moço fui
Em um tempo que há muito já se vai
Aos poucos quase tudo cai
Cai cabelo e às vezes cai o dente
Pouco tempo restando pela frente
Já avisto o final dessa jornada
Não existe carga mais pesada
Do que essa que a idade põe na gente

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O peão vai se ferrar!

No teto passaram cal
Mantiveram o calabouço
Porque o tal arcabouço
Prende o gasto social
Para quem tem consciência
E age com independência
Só nos resta criticar
Pois adulando banqueiro
E o sistema financeiro
O peão vai se ferrar

Haddad, neoliberal
Lado a lado a Campos Neto
Só repagina o teto
Com o arcabouço fiscal
O mercado comemora
O servidor se apavora
Pois ele é quem vai pagar
Dívida zera o orçamento
Minguando o investimento
O peão vai se ferrar

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Ditadura Nunca Mais!

Um regime em defesa do ianque
Entreguista, cruel e repressor
Pra calar a voz do trabalhador
Com censura, tortura, bala e tanque
É preciso que esse mal se estanque
A anistia só poupou generais
Que impunes junto com liberais
Não respeitam qualquer democracia
Então digo, contra essa tirania,
Acabou: Ditadura nunca mais!

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Mulher

Quantas faces, pedaços e retalhos
Conseguimos visar numa mulher
Já que ela ora é todo, ora é parte
É Universo,  é tudo que quiser
É liberta, é mãe e é guerreira
Operária, é filha, é companheira
É defeito, incerteza e é virtude
Ela é firme,  ela é leve, ela é pura
Tudo isso sem quebra e sem costura
Pois mulher é um ser em completude

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Lacaios

Generais, almirantes, brigadeiros
Xeleléus, babões e aduladores
Pra soldados, agem como senhores
Massacrando grumetes, taifeiros
Mas ao ver pelotão do estrangeiro
Se ajoelham, rastejam pelo chão
Essa cobra não fuma nem burrão
São lacaios, servis os comandantes
Marechais sem ter nada de brilhante
Submissos a um reles capitão

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Não existe justiça social
Onde impera racismo, fome e medo1

Quem explora é quem fica com a riqueza
Quem produz, nada tem e pouco ganha
O sistema perverso segue a sanha
Espalhando a barbárie e a pobreza
Alimento faltando sobre a mesa
Exclusão pondo o povo em degredo
Preconceito sentindo desde cedo
São os males que vêm do Capital
Não existe justiça social
Onde impera racismo, fome e medo

1Mote: Henrique Brandão
 Glosa: Evaldo Araújo

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No sertão quando falta cantoria
O sol nasce escondido e sem calor2

Sem ouvir os acordes do baião
O vaqueiro não quer mais aboiar
A cigarra esquece de cantar
Com saudade da prima e do bordão
Dedilhadas por uma hábil mão
De um vate, poeta e cantador
Açucena não traz o seu olor
Flor do lírio perde sua magia
No sertão quando falta cantoria
O sol nasce escondido e sem calor

2Mote: João do Serrote Preto
 Glosa: Evaldo Araújo

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Você diz que  sou parte do passado
Mas deseja me ter no seu presente3

Diz a todos que a fila já andou
Enche as redes de fotos em baladas
Pras amigas, diz que eu não valho nada
Que comigo sua vida se atrasou
Mas domingo, quando me encontrou
No lugar que outrora foi da gente
Me falou que não saio de sua mente
Que habito seu peito magoado
Você diz que  sou parte do passado
Mas deseja me ter no seu presente

3Mote: Ramon Medeiros
 Glosa: Evaldo Araújo

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Se conhece o tamanho de um poeta
Pelos rastros que os versos vão deixando4

Os aplausos colhidos do povão
O elogio que vem do radialista
Os registros na mão do apologista
No teatro, latada ou salão
Não importa onde seja a função
Ou o mote que esteja glosando
Um gigante a todos encantando
Com palavras perfeitas de profeta
Se conhece o tamanho de um poeta
Pelos rastros que os versos vão deixando

4Mote: Simplício Lira-Pio
 Glosa: Evaldo Araújo

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