Neste ano, o Sindilegis se uniu aos comitês de equidade do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União para promover uma série de debates sobre temas essenciais como etarismo, saúde mental, capacitismo e impacto das redes sociais. Como resultado dessa parceria, foi lançado o livro “Como não ser racista” na edição de 2024 da série “Papos que Transformam”, reafirmando o compromisso com a construção de um ambiente mais inclusivo e consciente. O evento, em celebração ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, ocorreu nesta terça-feira (10) no anfiteatro do Instituto Serzedello Corrêa, em Brasília.
O encontro contou com a participação de importantes nomes, como a escritora e dramaturga Cristiane Sobral, autora do livro; a ilustradora Vanessa Ferreira, conhecida como Preta Ilustra; a especialista em crimes de gênero Fayda Belo; e o artista visual Sanagê Cardoso. Durante a solenidade de abertura, sob moderação de Marcela Timóteo, coordenadora do Comitê Técnico de Equidade, Diversidade e Inclusão do TCU, o diretor de cultura do Sindilegis, Pedro Mascarenhas, destacou a relevância do papel do Sindilegis, que representa os servidores públicos do Legislativo Federal, na promoção de um ambiente de trabalho justo, saudável e equânime.
“Como não ser racista” surgiu a partir de uma provocação da Diretora-Geral do Senado Federal, Ilana Trombka, durante o evento “Expressões e Vivências Negras”, realizado em 2023 em homenagem ao Dia da Consciência Negra. Durante o evento, Trombka reiterou: “São temas sensíveis, mas necessários. Esse é o compromisso dos órgãos públicos: trazer essas questões à tona para que possamos amadurecer como sociedade.” Em seguida, o Secretário-Geral de Administração do TCU, Márcio Albuquerque, fez um alerta para a presença exclusiva de representantes brancos no dispositivo, destacando a importância de garantir a inclusão e a ocupação de espaços de poder por pessoas negras.
A luta antirracista na prática
Para que mais pessoas negras ocupem espaços de poder, é essencial que as pessoas brancas se tornem aliadas nessa luta. Esse foi um dos pontos centrais da palestra de Fayda Belo, advogada criminalista e especialista em crimes de gênero, intitulada “A Luta Antirracista na Prática”. Moderada pela coordenadora do Comitê de Gênero e Raça do Senado Federal, Stella Vaz, a palestra abordou um panorama histórico do Brasil, explicando como o racismo foi estruturado e a necessidade urgente da luta antirracista. “É preciso entender o ontem para aprender a mudar o amanhã”, afirmou.
De acordo com Fayda Belo, “ninguém nasce racista, mas torna-se racista”. Ela também discutiu o impacto do racismo institucional, ressaltando a importância da educação antirracista e da descolonização dos pensamentos. Sua fala foi calorosamente recebida e aplaudida de pé.
“Como não ser racista”
A última edição da série “Papos que Transformam” foi ainda mais significativa, pois celebrou o lançamento do livro “Como não ser racista”. O evento contou com a presença da autora Cristiane Sobral, da ilustradora Preta Ilustra, responsável pelas ilustrações da obra, e do artista visual Sanagê Cardoso, que participaram do último painel da programação, moderado pela diretora de comunicação do Sindilegis, Elisa Bruno.
Cada artista compartilhou seu processo criativo. Cristiane Sobral destacou a importância da literatura no contexto do letramento racial para a luta antirracista, enfatizando que a leitura de autores negros e o estudo sobre o tema são fundamentais. Ela convidou o público a conhecer o livro e afirmou: “Precisamos, sobretudo, de leitores, de pensadores, de pessoas capazes de refletir.”
Preta Ilustra compartilhou sua jornada e os desafios enfrentados em sua vida pessoal e profissional. Ela falou sobre o processo de desconstrução visual e narrativa, buscando fugir dos estereótipos racistas e criar imagens mais representativas, como as presentes no livro. Por meio de sua arte, ela constrói trajetórias com o protagonismo negro e feminino.
Sanagê Cardoso, artista plástico de Brasília com uma linguagem neoconcretista, também compartilhou seu processo criativo, apresentando uma reportagem do canal Arte1 sobre sua exposição Sanagê: Pele e Osso. Suas obras, que transitam entre pintura, escultura e relevo, promovem uma imersão na diáspora africana e na questão racial brasileira.
“Como não ser racista” dá continuidade à série “Como não ser um babaca” e se apresenta como uma poderosa ferramenta de reflexão. A obra nos convida a revisar atitudes, práticas e conceitos profundamente enraizados em uma sociedade ainda marcada pela exclusão, promovendo o letramento e a autocrítica. O livro está disponível gratuitamente em formato digital no site naosejaumracista.com.br. Confira!