Liderança feminina no serviço público: mulheres ocupam cargos de comando no RH da Câmara, do Senado e do TCU

A participação feminina nos postos de chefia no mercado de trabalho ainda é pequena. Apesar dessa realidade estar se transformando aos poucos, sobretudo por serem mais da metade da população brasileira e terem maior escolaridade que os homens, as mulheres ainda enfrentam obstáculos para ocupar posições de comando tanto no setor público quanto no privado. No serviço público, existem iniciativas importantes no nível federal pela equidade de gênero. Na Câmara, no Senado e no Tribunal de Contas da União, por exemplo, os departamentos de pessoal são chefiados por mulheres.

Essas gestoras encontraram suas vocações na Administração Pública. Elas têm dedicado a carreira ao serviço público e ocuparam diversas funções até alcançarem os cargos de direção. Para as servidoras, as mulheres têm ocupado cada vez mais postos de comando, mas ainda existem barreiras para a igualdade no mercado de trabalho e muito a avançar.

Graduação em Administração e especialista na área de recursos humanos, Cristina Cascaes Sabino é servidora da Câmara desde 1992. Hoje, ela é diretora do Departamento de Pessoal da Casa, cargo que ocupa desde julho de 2020. Antes, a servidora foi diretora da Coordenação de Inativos e Pensionistas por 22 anos. Ela acredita que as mulheres vêm conquistando a cada dia mais postos de comando e mostrando que competência independe de gênero. “Apesar de ainda não estarmos em pé de igualdade com os homens, vejo muitas mulheres em posição de destaque, tanto no serviço público quanto no privado, porém ainda temos muito chão pela frente, principalmente numa sociedade machista como a que vivemos”, destacou.

 

Beatriz Balestro Izzo é servidora pública desde 2008. Há dois anos ela é coordenadora de Pessoal do Senado. Embora seja graduada em Fisioterapia, foi no setor público que ela se encontrou. A servidora é pós-graduada em gestão de pessoas e administração pública e atualmente faz MBA em gestão de pessoas. Com passagens em outros órgãos públicos, foi no Senado que Beatriz exerceu o primeiro cargo de chefia no Gabinete Administrativo da Secretaria de Gestão de Pessoas. A servidora avalia que os espaços onde ainda há resistência na ocupação da chefia por mulheres estão se tornando cada vez mais uma minoria. “Não dá para sustentar um discurso discriminatório por gênero nos dias atuais. Porém, ainda temos muito caminho pela frente no sentido da igualdade”, pontuou.

Ela cita que o serviço público traz a vantagem de o salário ser definido em lei, o que impede qualquer diferenciação meramente por gênero. Segundo Beatriz, a posição feminina nos postos de chefia no Senado vem aumentando. “Com relação às oportunidades, no Senado, a ocupação de cargos de chefia por mulheres vem crescendo desde 2016, onde tínhamos apenas 12%. Hoje, esse número está por volta dos 30%”, ressaltou.

Marluce Noronha Barcelos é servidora pública há mais de 20 anos e está no TCU desde 2010. Administradora por formação, hoje ela é secretária de Gestão de Pessoas do Tribunal – cargo que ocupa há três meses. Marluce aponta que o concurso público ajuda a equalizar a questão da disparidade salarial. No entanto, a ascensão a cargos de alta direção ainda é difícil. “O número de cargos em comissão que é ocupado por mulheres é baixo. Nós quase não chegamos aos cargos de alta direção, porque ainda existe uma barreira cultural”, afirmou.

 

De acordo com a servidora, nos últimos anos vêm crescendo os movimentos que lutam pela equidade de gênero no serviço público. O TCU, por exemplo, prevê dentre as suas ações a promoção de igualdade de oportunidades para mulheres no ambiente de trabalho do Tribunal. “Isso é motivo de orgulho e comemoração. Estamos com 30% dos cargos de liderança ocupados por mulheres, maior do que o percentual de mulheres na organização, que é de 26,57%. É um grande avanço, o que não significa que não tenhamos espaço para avançar mais”, avalia.

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