O que tentaram destruir no dia 8 de janeiro, com as invasões as sedes dos três poderes, os servidores reconstruíram, com trabalho e resiliência. É por essas pessoas, por Instituições fortes e por um Estado democrático de Direito inquebrantável que, neste dia emblemático, após um mês dos ataques, o Sindilegis se uniu aos servidores das Casas Legislativas e realizou, na tarde desta quarta-feira (8), um ato em defesa da democracia, que começou no Salão Negro e terminou no gramado do Congresso Nacional, com um abraço coletivo em volta de uma bandeira gigante com a palavra democracia.
O sol forte e um belo céu azul em nada lembravam aquele dia 8 de janeiro, sombrio e tenebroso, e estabeleceu uma conexão perfeita com a ideia do ato: “O caminho inverso: ato pela democracia”. Organizado pelo Sindilegis, o ato simbólico tinha o objetivo de repudiar a depredação das sedes dos poderes. Em seu discurso, o presidente do Sindicato, Alison Souza, prestou homenagem aos servidores das Casas Legislativas pelo trabalho realizado para fazer com que o Congresso Nacional pudesse retomar suas atividades o mais rápido possível após as invasões. “Estar aqui hoje é um dever cívico. Este ato, organizado pelos servidores e entidades que os representam, ficará marcado para a história da democracia brasileira. A todos os servidores do Congresso e TCU, temos muito orgulho de representá-los. Pela bravura e, sobretudo, pelo espírito democrático”, disse.
O trabalho dos servidores na reconstrução dos espaços, das obras de arte, na segurança e limpeza foram lembrados também por parlamentares que estiveram presentes. Senadores e Deputados renderam homenagens aos trabalhadores que, com plena dedicação, mantiveram a democracia de pé. Assim como o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que no plenário do Senado Federal elogiou a iniciativa do ato e também agradeceu os servidores. “Hoje os servidores do Congresso Nacional fizeram um ato pela democracia e pelo Brasil. Um grande encontro organizado pelo Sindilegis, que representa os servidores de ambas as casas do Legislativo, a quem essa Presidência rende homenagens. Nós, senadores, agradecemos o apoio e a dedicação de todos. Quero dizer às brasileiras e brasileiros, a todos que respeitam as nossas instituições que a nossa democracia está de pé e sai, ainda mais forte, desse lamentável acontecimento.”
Todos que participaram do ato se reuniram no salão negro, local simbólico por ter sido o primeiro espaço invadido. Logo no início do evento, foi feito um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do terremoto na Turquia e na Síria. Mais adiante, uma salva de palmas homenageou os funcionários da limpeza, que encontraram um prédio devastado e, em pouco tempo, o deixaram novamente habitável.
A atuação dos policiais legislativos, que agiram com bravura, também foi lembrada. O coordenador-Geral da Secretaria de Polícia do Senado Federal, Gilvan Viana Xavier, e o diretor de Segurança da Câmara, Adilson da Paz, falaram aos presentes sobre o que viveram e as consequências disso. Adilson mostrou-se orgulhoso com os homens e mulheres que comandou no dia da invasão e que jamais imaginou que algo tão hostil pudesse acontecer. “Sinto-me bastante orgulhoso dos homens e mulheres que atuaram naquele dia, com coragem e destemidos. Sem saber se voltariam para casa. Jamais poderia imaginar o que aconteceu no dia 8 de janeiro, mas os ataques serviram para fortalecer as instituições do país”. E finalizou traduzindo o sentimento não só dos policiais legislativos, mas de todos os servidores da Casa e de todo cidadão brasileiro que refuta atos de violência e contra o Estado democrático de Direito. “Agradeço por esse momento de estar, não comemorando a invasão, mas a democracia. Unidos somos mais fortes”, finalizou.
Representantes de entidades norte-americanas participam de ato pela democracia
No dia 6 de janeiro de 2021, os servidores do Congresso americano e o mundo foram surpreendidos com a invasão do Capitólio, dias antes do presidente Joe Biden tomar posse. Após os ataques ao Congresso brasileiro, aqueles que sentiram na pele a mesma angústia estenderam a mão. Marci Harris, ex-servidora do Congresso americano e uma das fundadores do grupo Capitol Strong, veio ao Brasil para compartilhar experiência e prestar solidariedade. “Aqui estamos em solidariedade. Ficamos honrados em estarmos aqui, de receber o convite de compartilhar as nossas lições desde o dia 6 de janeiro de 2021, quando também fomos invadidos. Hoje completa 30 dias desta jornada terrível que passaram, no caminho da recuperação. Vocês não estão sozinhos. Honramos suas forças e resiliência. Estamos juntos, vocês e o Capitol Strong”, disse Harris.
O Capitol Strong é uma coalização que reúne diversas organizações da sociedade civil norte-americana e foi criado após os ataques ao Capitólio com o objetivo de fortalecer a democracia, a instituição do Congresso americano e os servidores. O Capitol Strong atua como um canal informal de informações sobre as necessidades e experiências daqueles que foram afetados pelo ataque. Além disso, trabalha em conjunto para fornecer recursos para funcionários do Congresso em todos os níveis, ao mesmo tempo em que realiza diálogo significativo sobre como o país pode começar a se recuperar do ataque à democracia norte-americana.