O Comitê Permanente de Gênero e Raça do Senado Federal (Coprig) completou, em 2025, uma década de atuação dedicada à construção de um ambiente de trabalho mais igualitário. Fruto de um compromisso contínuo da Casa com a promoção de ações afirmativas e políticas de equidade, o Coprig tem transformado o Senado e a vida de seus colaboradores.
Desde a adesão ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça do Governo Federal, em 2011, o Senado se tornou referência na administração pública ao implementar práticas que asseguram igualdade de tratamento e oportunidades. Stella Maria Vaz, coordenadora do Coprig desde 2022, relembra a gênese do comitê: “A criação do Comitê em 2015 surgiu da necessidade de superar a superficialidade do debate sobre gênero e raça, impulsionada pela demanda de servidoras por ações mais efetivas e pelo apoio da então recém-empossada diretora-geral.”
Por meio do comitê, diversos programas e ações afirmativas foram implementados. Entre eles, destacam-se os Grupos de Trabalho (GTs) temáticos, como o GT de Afinidade de Raça e o GT de Afinidade LGBTQIA+, além de iniciativas como os programas de Mentoria para Mulheres e de Liderança para Mulheres Negras, e os programas Mulher 50+ e Pessoas 50+. Essas ações visam criar um ambiente cada vez mais inclusivo para servidores, colaboradores, estagiários e aprendizes.
Devair Nunes, coordenador do GT de Afinidade de Raça, compartilha sua visão sobre a representatividade: “O ideal seria que pelo menos cinquenta por cento dos cargos de gestão fossem ocupados por pessoas negras, porque esse é o reflexo da nossa população e da nossa sociedade. Ainda estamos caminhando para isso.” Ele recorda um cenário com menor representatividade negra em seus primeiros anos no Senado, antes da implementação da políticas de cotas, e enfatiza a importância do trabalho do comitê para promover a conscientização e combater o racismo.
O GT de Afinidade LGBTQIA+, criado no segundo semestre de 2024, também tem um papel crucial na promoção da igualdade de oportunidades e na inclusão da diversidade. Osmar Arouck, coordenador do GT e da Biblioteca do Senado, enfatiza que o grupo é um espaço acolhedor que garante visibilidade às pessoas LGBTQIA+ e seus aliados. Um exemplo concreto dessa atuação é a criação, pela Biblioteca, de uma bibliografia sobre os direitos e desafios da população trans.
Em março de 2022, o Senado liderou a criação da Rede Equidade, formada por 35 instituições públicas com ações voltadas para diversidade, equidade e inclusão. Terezinha Nunes, coordenadora da Rede, explica que diversas ações foram implementadas nos últimos três anos, como a criação do Modelo IDE de autoavaliação em inclusão, o compartilhamento de boas práticas e a realização de seminários sobre direitos humanos na gestão pública. A Rede também divulga iniciativas bem-sucedidas do Senado, como o Programa de Assistência à Mãe Nutriz e a reserva de vagas para mulheres em situação de vulnerabilidade nos contratos de terceirização, uma ideia que foi incorporada à nova Lei de Licitações.
As políticas de equidade do Senado estão alicerçadas no Plano de Equidade de Gênero e Raça (PEGR), atualmente em sua terceira edição (biênio 2024-2025). Stella Vaz explica que o PEGR estabelece diretrizes e ações específicas para a promoção da equidade, abrangendo diversos setores da Casa de forma interseccional e transversal.
Olhando para o futuro, o Coprig já planeja ações para os próximos anos. “Para 2025, estamos muito entusiasmados com o estudo que faremos sobre as formas de seleção para ingresso no Senado, buscando métodos mais equitativos para o concurso público, e com o lançamento da ferramenta de orientação para proposições legislativas com perspectiva de gênero,” revela Stella, sinalizando o compromisso contínuo do comitê com a promoção da igualdade e da inclusão no Senado Federal.
Apesar dos avanços, Devair Nunes aponta para desafios persistentes: “Percebemos que vários colegas ainda não entenderam a importância do recorte racial e do espaço para as mulheres. Existe muito daquele pacto da branquitude pela ignorância, onde alguns não se veem afetados e não entendem a necessidade dessas iniciativas.” A fala de Nunes sublinha a importância do trabalho contínuo do Coprig na conscientização e na busca por mudanças estruturais que garantam uma equidade plena no Senado Federal.
Desde 2024, o Sindilegis firmou uma importante parceria com os Comitês de Equidade do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União para promover ações voltadas à equidade de gênero e raça, tanto dentro quanto fora das Casas. Dessa união nasceram iniciativas impactantes, como as campanhas “Esta história não é minha, mas poderia ser” e “Mulher, você é nossa inspiração”, além da produção do livro ‘Como não ser racista: mesmo que você jure que não é!’, reafirmando o compromisso das instituições com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.