Papos que Transformam: especialistas debatem desafios e trazem insights sobre o uso das mídias sociais para promover diversidade e saúde mental

“Cultivar nossas conexões” foi uma das proposições da psicóloga clínica e pesquisadora de Tecnologia e Comportamento, Patrícia Luque, uma das painelistas convidadas para a segunda edição da série “Papos que Transformam”, cujo tema foi “Conectando redes sociais, saúde mental e diversidade”. O evento foi transmitido ao vivo na manhã desta quinta-feira (20) e está disponível no canal do YouTube do Sindilegis. Clique aqui para assistir novamente.

O bate-papo, liderado por mulheres, também contou com a mestre em Paz e Direitos Humanos, advogada humanista e ativista, Amanda Victória; a consultora legislativa, jornalista, professora e pesquisadora na área de regulação da internet, Elizabeth Veloso; e a criadora de conteúdo e palestrante Daniela Sales, do canal Vida de Autista. O evento foi conduzido pelo diretor de Educação e Cultura do Sindilegis, Pedro Mascarenhas.

Durante a live, a coletividade e o diálogo entre diferentes perspectivas foram destacados como fundamentais para o avanço nesse campo, visando um equilíbrio entre liberdade e responsabilidade nas plataformas digitais.

Luque trouxe insights sobre os impactos das redes sociais na saúde mental das pessoas e a necessidade de compreender e adaptar-se às mudanças socioculturais provocadas pelas novas tecnologias. Como exemplo, ela citou o episódio “A Guerra dos Mundos”, da série transmitida na rádio e narrada por Orson Welles em 1938. O cineasta combinou elementos do rádio-teatro com os jornais da época para relatar uma invasão alienígena que causou histeria generalizada nos Estados Unidos. Assim, a psicóloga provocou uma reflexão sobre “como as pessoas são impactadas diante das novas tecnologias?”

Regulamentação das mídias sociais

Do mesmo modo, Veloso abordou a necessidade de regulamentação das mídias sociais e mencionou o Projeto de Lei nº 2.360/2020, que propõe a instituição da Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. Além disso, Victória refutou o mito de que a internet é um espaço livre de regras; ela também destacou que, embora a liberdade de expressão seja um direito constitucional, não é absoluto: “Essa diferença nos traz a responsabilidade de relativizar esse direito e promover a responsabilização”.

Dentro da discussão, a criadora de conteúdo Daniela Sales compartilhou sua jornada até o diagnóstico do espectro autista na fase adulta e como as mídias sociais foram uma ferramenta benéfica. “Quando você compartilha um problema com outras pessoas, percebe que não é tão grande quanto parece e começa a desmistificar muitas coisas”, relatou.

Usar a internet para o bem

Sales também enfatizou a oportunidade de criar comunidades online que promovam o respeito e a aceitação, bem como a importância de representar a diversidade na sociedade por meio das mídias sociais. Da mesma forma, Victória discutiu o conceito de “interseccionalidade” de Patricia Hill Collins, socióloga estadunidense, sob a perspectiva do Direito, para enxergar as pessoas como seres complexos e, assim, promover e proteger a diversidade. Nesse sentido, ela afirmou que “a regulamentação pode fortalecer a proteção dos direitos humanos em um ambiente digital cada vez mais complexo”.

O debate destacou que as plataformas de mídias sociais podem ser ferramentas positivas ou negativas para a sociedade, dependendo do uso equilibrado e consciente. Para Luque, é importante observar como as pessoas estão lidando com os desafios relativos à saúde mental. “É crucial estar atento aos sinais de impacto negativo das mídias, como isolamento e mudanças no comportamento”, ressaltou.

Entre os desafios para tornar os processos decisórios das plataformas mais transparentes e participativos na sociedade, Veloso também defendeu o letramento digital para lidar com as novas tecnologias, especialmente para a proteção da infância. Para Victória, outro ponto-chave da discussão é como alavancar a proteção dos direitos humanos por meio da tecnologia. “É realmente uma questão de nos apropriarmos e compreendermos esses temas”, acrescentou Veloso.

Acompanhe a série

A série “Papos que Transformam” é realizada pelo Sindilegis, em parceria com os comitês de equidade do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU), e visa ir além das conversas convencionais, buscando gerar um impacto real na forma como vemos e lidamos com as diferenças. Ao abordar temas como etarismo, maternidade, racismo, gordofobia, entre outros, em cada edição, a iniciativa pretende fomentar uma cultura de respeito e inclusão em todos os setores da sociedade. Para Pedro Mascarenhas, “são assuntos muito importantes para que possamos transformar as pessoas promovendo a diversidade e o bem-estar social”.

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