Primeiro dia do Pensar Brasil discute relações trabalhistas, crescimento econômico e desafios para crescimento do país

Evento que acontece no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, contou com a participação de pré-candidatos à Presidência, pesquisadores e especialistas no tema “mercado de trabalho”

 

O primeiro dia do Pensar Brasil – Diálogo sobre trabalho, desenvolvimento e futuro, promoveu uma discussão aprofundada sobre as relações trabalhistas, o crescimento econômico e os desafios que o país enfrenta e enfrentará para crescer. Nesta quinta-feira (12), o evento que acontece no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, contou com a participação de pré-candidatos à Presidência da República. Ciro Gomes (PDT), André Janones (Avante) e Pablo Marçal (Pros) fizeram uma análise da conjuntura política e econômica e apresentaram suas propostas.

Ciro Gomes participou de forma virtual do evento que tem transmissão no site www.pensarbrasil.com.br. Ele esteve acompanhado de Antônio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), e de Carlos Lupi, presidente do PDT. Citando números do orçamento da União e mostrando que o investimento é o menor da história, ele defendeu que o próximo presidente precisa atuar para modificar o modelo econômico do país.

“Quatro milhões de pessoas desistiram de procurar emprego no último mês. Outros 12 milhões são considerados desempregados pelo IBGE. E chocantes 50 milhões estão na informalidade, com jornadas de 60 horas de trabalho. Isso sem contar com 50 a 60 milhões de brasileiros sem cobertura previdenciária. A renda está declinando ao menor valor médio desde que se mede. Isso porque temos o segundo menor valor de salário-mínimo da América Latina, só ganhamos da Venezuela.”

Estreante na política, Pablo Marçal destacou que a sua meta é estimular a produtividade e colocar o Brasil na rota do desenvolvimento. “Dez milhões de empresas nos próximos 10 anos e até 2032 colocar o Brasil como a nação mais próspera da terra”, afirmou.

André Janones, por sua vez, criticou o liberalismo econômico, defendeu a eficiência do Estado e rechaçou os ataques contra os servidores públicos. “Eu não sei quem são os grandes culpados pelo país se encontrar do jeito que está, por termos uma dívida pública tão elevado, pelo déficit no Orçamento. Mas eu sei exatamente quem não são os responsáveis: não são os mais pobres, os aposentados ou os servidores públicos deste país.”

Primeiro expositor do encontro, o ex-ministro Aldo Rebelo enumerou os desafios para o próximo presidente: crescimento econômico, a diminuição da desigualdade e o fortalecimento da democracia. Rebelo considera que o Brasil vive um dos momentos mais difíceis da sua história e será necessário um esforço de reconstrução nacional: “Falta rumo e objetivo no país. Há uma desorientação geral. Precisamos voltar a ter objetivos nacionais permanentes, que figuram acima das convicções e proporcionam coesão nacional”, comentou.

Rebelo fez muitas críticas ao setor financeiro – que, para ele, é um dos grandes responsáveis pela falta de crescimento econômico no país. “Tem que investir em industrialização, ciência tecnologia e inovação. Aproveitar a nossa fronteira agrícola e mineral”.

Nomes que pesquisam ou tem larga experiência quando o assunto é o mercado de trabalho marcaram presença como palestrantes do evento. A primeira mesa do Pensar Brasil aprofundou o debate sobre o impacto social, econômico e ambiental da mineração. O painel teceu duras críticas à mineração, sem esquecer da importância do setor para a inovação tecnológica. Grandes desastres, como os que ocorreram em Brumadinho e em Mariana, em Minas Gerais, foram citados. “Do ponto de vista da segurança do trabalho, a mineração mata 10 vez mais do que qualquer outro setor no país”, corroborou Marta Freitas, coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador e Trabalhadora de Minas Gerais.

Justiça do Trabalho – O Pensar Brasil também contou com a presença de pessoas que atuam diretamente na Justiça do Trabalho. Os procuradores do MPT Renan Kalil e Júlio Araújo apresentaram um panorama sobre os desafios dos direitos sociais do trabalho no Brasil a partir das mudanças no cenário internacional.

A reforma tributária foi o tema central da última mesa do evento. Nelson Machado, Décio Padilha e Sergio Paulo Gallindo abordaram os impactos da reforma para o brasil e para os brasileiros, e desdobramentos da tributação sobre a renda, o consumo e a folha de pagamentos.

Para encerrar o primeiro dia de Pensar Brasil, a programação trouxe uma reflexão sobre a dura realidade do trabalho escravo. O público assistiu à pré-estreia exclusiva do filme “Pureza”, que narra a história de uma mulher na luta para resgatar o filho desaparecido na Amazônia, onde encontra um cenário de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais. A exibição contou com a presença do diretor Renato Barbieri.  A protagonista é a atriz Dira Paes.

“Para construir soluções para o nosso país, nós precisamos defender de forma intransigente o trabalhador e defender igualmente os setores produtivos do Brasil, as empresas”, ressaltou o presidente do Sindilegis, Alison Souza. O coordenador-geral do Sindjus-DF, Costa Neto, afirmou que tributação, economia, trabalho, ciência, tecnologia e serviço são pilares para o desenvolvimento do país. “Sem eles, não é possível assegurar o bem-estar de todos da população brasileira”.

O Pensar Brasil foi criado pelo Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário e do MPU no DF (Sindjus), pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) e pela Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários-SP). O evento continua nesta sexta-feira (13), a partir das 9h.

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