Quais serão os impactos da reforma da Previdência para as mulheres

Quais serão os impactos da reforma da Previdência para as mulheres

Com as mudanças nas regras da Previdência, as mulheres serão as mais prejudicadas, conforme análise do Dieese

Não bastassem as desigualdades evidentes entre mulheres e homens no mercado de trabalho – atualmente, elas recebem cerca de 20% a menos, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) –, caso o texto da reforma da Previdência seja aprovado, as diferenças se tornarão ainda mais díspares. Essa é a conclusão de especialistas que participaram, na última semana, de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, que discutiu os impactos da PEC 06/19 na vida das mulheres com a presença da diretoria do Sindilegis. Entre os pontos discutidos estão: dupla jornada de trabalho, idade mínima de aposentadoria e do tempo de contribuição.

Para as mulheres, a jornada de trabalho semanal é de mais de 21 horas e dos homens apenas 10 horas. “Ninguém tem dúvida sobre a dupla jornada no dia a dia das mulheres. Ambos saem para trabalhar, mas no fim do dia quem cuida de toda a administração da casa é a mulher”, diz o senador Paulo Paim (PT).

Com as mudanças nas regras da Previdência, as mulheres serão as mais prejudicadas, conforme análise do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A alteração da idade mínima proposta pelo Governo é uma das medidas que mais impactam na vida das mulheres: passará de 60 para 62 anos para trabalhadoras urbanas e de 55 para 60 anos para aquelas que atuam no meio rural. Atualmente, é possível se aposentar por idade mínima, por tempo de contribuição ou por uma combinação dos dois fatores, mas com a nova proposta o trabalhador terá direito ao benefício apenas se cumprir a contribuição por idade.

Em relação à pensão por morte, as mulheres que recebem o benefício representam 83,7% dos dependentes, enquanto os homens correspondem a 16,3%, ou seja, mais uma vez as mulheres estarão mais vulneráveis financeiramente devido à redução do valor da pensão que está prevista. Estudos do Dieese também informam que as mulheres são maioria entre os potenciais prejudicados pelo aumento da carência na aposentadoria por idade, que passaria de 15 para 20 anos e que 62,8% das mulheres se aposentaram por idade, enquanto os homens 37,2%.

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