Servidores da Câmara apostam em inteligência artificial para trabalhar com mais rapidez e transparência

Criadores do software Ulysses, Marcio Fonseca e Michael Onishi acreditam que iniciativas ligadas à inteligência artificial podem contribuir para avanço dos trabalhos no Legislativo

Criado para interagir com a inteligência humana, solucionar problemas e prever possibilidades, o software Ulysses já está rendendo frutos dentro da Câmara dos Deputados. Com menos de um ano de existência, a ferramenta de inteligência artificial, que funciona por meio de um processo chamado _machine learning_ (aprendizado da máquina), já é capaz de distribuir pedidos dos parlamentares, abastecer o site da Câmara e está aprendendo a traduzir documentos e reconhecer parlamentares em fotos e vídeos.

O software Ulysses foi desenvolvido por meio de uma iniciativa da Diretoria de Inovação e Tecnologia da Informação (Ditec), e recebeu esse nome em homenagem ao ex-presidente da Câmara Ulysses Guimarães. A ideia, segundo seus idealizadores, é que a ferramenta englobe diversas iniciativas para facilitar e dar mais transparência aos trabalhos dentro da Câmara dos Deputados.

“O Ulysses não é uma coisa só. Ele é um conjunto de atividades e iniciativas ligadas à inteligência artificial e aplicadas ao Parlamento. Têm algumas funcionalidades que já estão implementadas dentro do aplicativo e outras em estudo para os próximos meses”, explica o servidor Michael Shigeki Onishi, um dos responsáveis pela ferramenta.

O Ulysses tem sido um grande aliado dos servidores para realizar alguns trabalhos menos intelectuais. Junto à Consultoria Legislativa da Casa, por exemplo, o software tem sido responsável por receber as centenas de pedidos enviados pelos parlamentares e direcioná-los às áreas responsáveis.

Como funciona?

O trabalho funciona da seguinte maneira: os parlamentares enviam pedidos de auxílio técnico para elaborar propostas ou discursos, o Ulysses avalia qual será a área de direcionamento e encaminha a demanda. Até o momento, o software já avaliou mais de 300 mil pedidos.

“A expectativa é que o Ulysses seja um grande parceiro do servidor no sentido de automatizar trabalhos repetitivos e em grande escala. Com isso, queremos dar conta do volume de trabalho e focar em coisas mais intelectualmente e desafiadoras”, pontua Marcio Fonseca, analista legislativo da Câmara responsável pela ferramenta.

A inteligência artificial e a participação popular

Um dos grandes objetivos do software é promover ainda mais transparência dentro da Câmara dos Deputados, seja por meio da coleta e análise de dados e informações relevantes, seja pela disponibilização desses dados à sociedade.

“A ideia é conseguir extrair informações úteis dentro desse mundo. Nós temos milhares de comentários feitos em diversas proposições e inicialmente o estudo seria para fazer análise de sentimento e, a partir disso, conseguir entregar para os parlamentares o que anseia a sociedade, por meio da participação popular”, define Onishi.

Também está em estudo pela Ditec a criação de um _chatbot _dentro do portal da Câmara para que o cidadão possa consultar informações sobre a Casa de forma natural, como se estivesse conversando com um atendente. Embora não tenha previsão para ser lançada, a ideia é que as perguntas sobre proposição, gastos e informações técnicas poderão ser submetidas ao Ulysses que ele retornará com precisão.

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