Responsável por grandes projetos dentro da Casa, como o portal e-Democracia e o LABHacker, o visionário Cristiano Ferri acredita que a solução para a democracia está em ampliar os canais de participação popular no processo legislativo
Como aliar tecnologia e inovação à transparência e democracia? Foi com esse questionamento que o servidor da Câmara dos Deputados Cristiano Ferri decidiu sair do comum e buscar, na vasta gama de ferramentas de inovação, tornar a Câmara um dos parlamentos mais acessíveis do mundo.
Aficionado por inovação, Ferri já havia encabeçado alguns projetos grandiosos dentro da Casa, como o portal e-Democracia, criado para ampliar a participação social no processo legislativo; mas foi após uma temporada na Inglaterra cursando mestrado em políticas públicas que o seu olhar se voltou para o desafio de transformar a Câmara em um parlamento genuinamente aberto.
Como toda mudança, a ideia encontrou resistência a princípio. Mas após a onda de protestos populares, em 2013, a Casa sentiu a necessidade de realizar as entregas reivindicadas pela sociedade. Entrou em cena, então, o Hackathon– ou Maratona Hacker –, que disponibilizou todos os dados da Câmara para um concurso de criação de aplicativos para aumentar a transparência do trabalho parlamentar e a compreensão do processo legislativo.
“Em outubro realizamos a nossa ação colaborativa no Salão Branco e os participantes, no último dia, tiveram uma conversa com o Presidente à época, Henrique Eduardo Alves, e pediram a criação de um espaço permanente na Câmara. Fizemos uma minuta, submetemos à Diretoria-Geral da Casa, à Mesa e à própria Presidência e a ideia foi aprovada por Projeto de Resolução, criando o nosso LABHacker”, lembra o servidor.
De 2013 para cá, a ideia de Cristiano já gerou vários frutos positivos. O LABHacker, que é o primeiro laboratório de inovação no setor público no Brasil e o primeiro em um parlamento no mundo, é responsável por alguns projetos, como Wikilegis, ferramenta de participação popular no processo legislativo.
Ferri foi diretor do Laboratório por quatro anos e hoje continua sendo um grande apoiador das ideias gestadas no âmbito do laboratório. Para ele, toda inovação perpassa pelo experimento prévio. “Se queremos inovar precisamos experimentar antes, precisamos fazer testes e trazer a lógica de laboratório para dentro de um órgão público”, assegura o servidor.
Mas, afinal, o que é um parlamento aberto?
A Câmara está entre os cinco parlamentos mais abertos do mundo, ombreado com outros países, como: Reino Unido, Ucrânia, Geórgia, Chile e França. Mas o que é um parlamento aberto?
Existem cinco princípios que caracterizam um parlamento aberto: transparência, prestação de contas, participação cidadã, ética e probidade. As diretrizes apresentam-se desdobradas em ações, que são exemplificadas por boas práticas.
A Câmara dos Deputados, por ter realizado um grande investimento em transparência, dados abertos e inovação, passou a figurar entre os países com esse título. A Casa também participou de um movimento mundial de governo aberto. “Nós temos orgulho em dizer que a Câmara dos Deputados é um dos parlamentos mais abertos do mundo”, enfatiza Ferri.
Servidor inovador
Mesmo longe do LABHack, a paixão de Cristiano Ferri por inovação permanece. Atualmente, além de ser docente junto ao Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados (Cefor), o servidor também ministra um curso online intitulado “Servidor Inovador”.
Periodicamente, Ferri disponibiliza vídeos na popular plataforma Youtube com temas sobre gestão de tempo, inteligência coletiva, inteligência artificial e melhoria da gestão pública. Para saber mais, clique aqui.