Administrar pagamento de dívidas é um dos desafios lançados pela crise motivada pela pandemia da Covid-19
A crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus lança preocupação sobre vários aspectos e, em especial à população que possui empréstimos com as instituições financeiras. Segundo levantamento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), divulgado nessa segunda-feira 07/04, dois milhões de clientes dos cincos maiores bancos do País tentam renegociar R$ 200 bilhões em dívidas. Em março, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander anunciaram estarem abertos a prorrogar, por até 60 dias, os pagamentos de dívidas das pessoas físicas e micro e pequenas empresas.
Para os servidores públicos, os empréstimos consignados podem representar um grande peso no orçamento. O consultor financeiro do Sindilegis, Luciano Cardoso dos Santos, já está em contato com os bancos com o objetivo de auxiliar os filiados na renegociação dessas dívidas. Após levantamento de dados junto às instituições, o especialista está elaborando um ofício em que solicita a redução da taxa de juros dos consignados, o aumento do prazo dos financiamentos e uma carência de 30 a 60 dias para o pagamento das parcelas.
“O nosso objetivo é o de proporcionar um fôlego aos filiados do Sindilegis que ficaram com a margem consignável negativa após o aumento da contribuição previdenciária com a promulgação da Reforma da Previdência. Essas pessoas já estavam endividadas e agora ficaram mais apertadas”, explicou.
Segundo Luciano, o prazo máximo para pagamento dos empréstimos hoje é de 120 meses para servidores do Senado e de 96 meses para os servidores da Câmara e do TCU. “Para que essas medidas se tornem realidade, além da autorização dos bancos, as casas teriam que aprovar as mudanças a fim de beneficiar os servidores”, destacou. A expectativa do consultor é que as instituições bancárias respondam ao ofício até meados do próximo mês.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional de Comércio (CNC), o endividamento das famílias bateu recorde em março: 66,2% dos trabalhadores possuíam dívidas entre cartão de crédito, cheque especial, crédito pessoal, crédito consignado, carnês, financiamentos de carros, financiamentos de imóveis.
Confira as medidas já em vigor para renegociação de dívidas
O Banco do Brasil anunciou um reforço de R$ 24 bilhões na oferta de crédito e a ampliação dos limites de crédito. O recurso está disponível nas linhas de crédito pessoal (crédito consignado, crédito salário e crédito automático) e pode ser contratado nos canais digitais e nas agências do banco. O banco também prorrogou vencimento por até 60 dias nas linhas de crédito.
A Caixa Econômica Federal anunciou a redução dos juros em várias linhas de crédito e suspensão do pagamento de dívidas por 60 dias para prestações de imóveis.
O Sicoob prorrogou as parcelas dos créditos, sem aumento na taxa de juros ou exigências de novas garantias; concedeu a renovação automática de limites; e garantiu o alongamento da carência e dos vencimentos finais de várias linhas de crédito.
O Conselho Nacional da Previdência Social aprovou a redução do teto dos juros do empréstimo consignado em favor dos beneficiários do INSS, além da ampliação do prazo para pagamento da dívida. A taxa máxima cobrada pelo empréstimo com desconto no benefício cairá de 2,08% para 1,80%. A taxa do cartão de crédito consignado, que é de 3%, cairá para 2,70%. Já o número máximo de parcelas mensais para pagar a dívida será ampliado de 72 para 84 meses (de seis para sete anos de pagamento).