Em palestra no Sindilegis, médico Renato Veras alerta que envelhecimento exige novo modelo de gestão em saúde

O médico com doutorado em Londres, professor titular da UERJ na faculdade da Terceira Idade e especialista na área de gereontologia afirma que o modelo deve ser focado na saúde integral, na prevenção e no cuidado com as pessoas

“No Brasil hoje existem cerca de 30 milhões de idosos, o que representa 13% da população. Nosso papel é dar qualidade de vida e reduzir custos, pois a sociedade não consegue bancar a saúde no país”. Com essa constatação, o médico com doutorado em Londres, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e especialista em gereontologia, Renato Veras, defendeu, durante palestra organizada pelo Sindilegis, na manhã dessa segunda-feira (22), uma mudança urgente e drástica no atual modelo assistencial da saúde no país.

Estiveram presentes na palestra gestores dos planos de saúde das três Casas e de diversos planos de saúde, além de representantes das associações de aposentados e pensionistas da Câmara, Senado e do TCU e inúmeros convidados.

De acordo com ele, o atual modelo de saúde do Brasil está completamente defasado e anacrônico, pois é ineficiente, caro e não oferece qualidade de vida para os usuários. Para o especialista, a solução é adotar um modelo integral, preventivo e que foque no atendimento oferecido pelo clínico-geral.

Renato explica que a ideia é esse clínico-geral acompanhe o paciente durante toda a vida, ao invés de direcioná-lo para vários especialistas, prevendo diminuição de custos, tempo e, até mesmo, visando um melhor tratamento. “O ideal é monitorar a saúde, não a doença. Principalmente para os idosos, que devem ser acompanhados permanentemente. Esse clínico é quem fará a indicação do especialista a ser consulado”.

O programa defendido por Renato já é aplicado em países como Inglaterra e Canadá, conhecido como “Médico único”, ou “Médico de Família”. Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o doutor acredita que o método será uma importante ferramenta para a revolução da saúde no País. “É fato que será uma novidade, uma mudança de cultura. Muitas pessoas serão relutantes em aderir a esse projeto, que precisa ser integrado com outros setores, de maneira que o prontuário, as vacinas e todo o histórico do paciente fiquem centralizados em um único grupo de especialistas”, ponderou.

A palestra faz parte de uma ação do Sindilegis que tem por objetivo contribuir para as mudanças de cultura nos planos de saúde das Casas, uma vez que vai gerar economia para o plano e qualidade de vida ao envelhecimento. Inclusive, Renato Veras sugeriu que o Sindilegis forme um grupo de trabalho que vise concretizar essa proposta. “Precisamos montar grupos que busquem implementar projetos-pilotos, com o papel de fomentar modelos mais eficazes”, apontou o médico. A iniciativa do Sindilegis em promover o debate foi muito elogiada pelo palestrante e pelos demais presentes.

Para o presidente do Sindilegis, Petrus Elesbão, esse é o primeiro passo de uma longa caminhada rumo à mudança de cultura. “Sabemos que quebrar esse paradigma não é algo fácil, principalmente em nosso país. Pelo menos sabemos o caminho que deve ser trilhado e precisamos entender que a velhice deve ser desfrutada e não sobrevivida. Para alcançarmos esse objetivo, é fundamental a união entre as entidades e os planos de saúde das Casas”, arrematou.

Mais de 500 operadoras faliram

Ainda de acordo com Renato Veras, as consequências dos problemas na gestão de saúde já estão sendo sofridas pela população. De acordo com ele, nos últimos anos, mais de 500 operadoras de saúde faliram por não conseguirem administrar os recursos diante da alta procura dos usuários pelos serviços de saúde.

Para ele, o ponto crítico está no fato de que os pacientes vão direto para a emergência, o que encarece o sistema. Além disso, o custo da saúde, a chamada “inflação médica”, é 2,8% superior que a inflação geral da economia.

 

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