Mas por quê? Essa era a pergunta que eu sempre me fazia. Diante de tantos dizeres negativos voltados ao serviço público, por que ainda sim quis ser um servidor? Achei a resposta rapidamente, mas o que me instigou a pergunta era como o servidor era culturalmente percebido. Quem trabalha no serviço público sabe que a ineficiência está associada, na verdade, à falta de estrutura e de recursos, burocracias e decisões políticas que não foram criadas por nós, servidores. E, no final, ainda ganhamos a fama de “marajás”.
Algumas mídias perpetuam essa visão e (ainda) falta espaço para a nossa defesa. Há um pensamento errôneo no inconsciente social de que o servidor nada faz e muito ganha. Meu desejo era que essas pessoas vissem de perto o nosso dia a dia, o quanto nos doamos, sem contar as inúmeras etapas para se tornar um servidor.
Essa visão é paradoxal, porque ao mesmo tempo o serviço público é almejado devido a uma carreira sólida e a uma remuneração justa, isso se comparada à realidade da maioria dos brasileiros. Ainda assim, após respirar fundo, disse a mim mesmo quase em voz alta: eu me orgulho de ser servidor! Você pode não acreditar, mas foram exatamente essas palavras que me tomaram e o que se seguiu foi um apanhado do que sei, vejo e vivencio.
Esse sentimento de orgulho vem da experimentação que faço ao ver nossas tarefas cumpridas com excelência, o empenho dos colegas que abrem mão do lazer e da família e ficam até mais tarde para cumprir suas atividades. Conheço servidores inspiradores. Gênios brasileiros que mereciam prêmios, tamanha a competência e inteligência que empregam em suas funções. Mães, pais, filhos, irmãos, amigos… Todos eles desprendem-se dos afazeres pessoais e dedicam a vida para que uma Lei seja elaborada, uma fiscalização cumprida minunciosamente e tantos outros trabalhos entregues.
Sou servidor da Câmara dos Deputados, mas como parte da Diretoria do Sindilegis caminho pelas três Casas representadas e tenho a grande oportunidade de ver um sistema que funciona e respeita os servidores. Claro que há muito ainda fora da linha, mas nossas conquistas são admiráveis. É só analisar o que era a vida do servidor há 10 anos e o quanto mudamos.
Não sei se todos sabem, mas como presidente do Sindilegis não ganho remuneração ou agrados. O que ganho, e que para mim é suficiente, é a oportunidade de lutar por aqueles que tornam possível o orgulho que sinto hoje.
Sirvo! Sirvo à Pátria, aos cidadãos, às crianças, idosos, aos necessitados. Por nossas mãos correm não apenas as leis e tarefas que ganham destaque na mídia, mas também tantas outras que mudam diariamente a vida de milhões de brasileiros. No nosso pouco, fazemos muito. No que alcançamos, fazemos o melhor. E por que não me orgulhar disso?
Abraços a todos e parabéns pelo Dia do Servidor Público.
Nilton Paixão
Presidente do Sindilegis
