Quem ganha mais… Pode gastar menos

Consultor de Contas Públicas defende cultura financeira para erradicação da inadimplência

Os servidores públicos federais possuem a maior média salarial do país, principalmente no Senado Federal e Câmara dos Deputados. A facilidade de crédito e a possibilidade de aquisição de bens, em virtude da garantia de recebimento pelos bancos credores, colocaram os servidores em alto grau de endividamento.

Evidente que, quanto maior a renda, o potencial de gastos aumenta. O estímulo é maior em assumir compromissos e despesas, podendo comprometer seu futuro. 

O consultor legislativo de Contas Públicas da Câmara dos Deputados, economista e professor da UnB, Roberto Piscitelli, lembrou sobre o comprometimento dos recursos dos servidores. “Somos bombardeados diariamente por mecanismos concedidos pelo sistema financeiro. Nos seduzem com cartões, empréstimo pessoal, entre outras vantagens. Até pela nossa intranet recebemos convite de créditos consignados que facilitam nossa capacidade de endividamento. Quando chegamos nesta Casa, pessoas entregam panfletos oferecendo isso e aquilo de vantagens”, disse.

Para o consultor, é provável que os problemas ocorram em uma dimensão maior com pessoas de alto poder aquisitivo, porque elas dão passos mais largos. “Possivelmente esta é a razão por que, numa extensão de dificuldade, os desafios são maiores para estas pessoas que assumiram compromissos maiores. As pessoas de baixa renda não têm esta oportunidade ou possibilidade de conseguir”, afirmou. 

Outra possibilidade levantada pelo professor demonstra a cultura brasileira em viver acima de suas possibilidades. Segundo Piscitelli, não há qualquer planejamento financeiro familiar. 

“Adentramos em aspectos de natureza psicológica e sociológica. Temos um modelo, um tipo de educação, de sociedade que por um lado é perdulária e tolerante. É difícil pais negarem algo a seus filhos. No Brasil, as instituições familiares têm laços muito intensos no sentido de atender às solicitações dos familiares, dos caprichos dos filhos e dependentes”.

A cultura financeira por parte de entidades, do governo e da própria sala de aula ainda é muito pequena. “Começamos a nos preocupar recentemente com isto. Estamos percebendo movimentos para a educação financeira nas escolas, através de inclusão de disciplinas, palestras, entre outros. Iniciativas que devem ser levadas a diante, pois nossa sociedade atualmente é perdulária e dilapidadora dos recursos”, disse.

O consultor ainda elogiou a iniciativa do Sindilegis. “Isto é algo inédito e ótimo. Uma entidade preocupada com a saúde financeira dos seus filiados. Há 20 anos, eu era da Unafisco e não preocupávamos com isto. Mas hoje estou vendo um Sindicato que realmente se preocupa. É incrível!”, conclui.

Observe essas dicas e saia do sufoco

Junte a família para conversar sobre suas finanças. Estabeleça um acordo entre todas as partes para que haja responsabilidades e metas a atingir.

Guarde todas as notas fiscais e faça uma leitura mensal de tudo o que estão gastando. Veja o que pode ser priorizado.

Saia dos juros do cheque especial e dos cartões de crédito. Existem empréstimos com taxas bem menores. Se couber no orçamento, sem ferir o bolso, substitua e firme o compromisso destes pagamentos.

Anote todos os gastos em uma planilha, papel ou mesmo programas gratuitos que estão disponíveis na internet.

Tente poupar. Isto possibilita poder de barganha e garantias para o futuro.

Não compre por impulso. Procure adiar compras a prazo e outras que o endividem ainda mais.

Se achar algo caro NÃO compre, mesmo que tenha dinheiro. 

Já está endividado? A única maneira é cortar gastos e mudar o padrão de consumo.

E por fim, faça o que deve ser feito. Não finja que vai mudar. Mude.

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