200 anos do Senado: seminário com Manuel Castells trouxe reflexões acerca de inovação e regulamentação do uso de novas tecnologias

O seminário internacional “Democracia e novas tecnologias: desafios da era digital”, promovido pelo Senado Federal entre os dias 25 e 27 de marços, reuniu importantes estudiosos brasileiros e estrangeiros para tratar sobre o impacto das novas tecnologias principalmente para o fortalecimento de processos democráticos. O evento faz parte do calendário das ações comemorativas pelos 200 anos do Senado e conta com apoio do Sindilegis.

O renomado sociólogo Manuel Castells enfatizou, em seu painel, que as plataformas digitais desempenham um papel significativo na amplificação da polarização social, mas ressaltou que elas não são a causa primária dessa divisão nem da crise de legitimidade política. Em suas análises, Castells destacou que as pessoas recorrem à internet em busca de espaços que reforcem suas opiniões, encontrando nas redes sociais uma alternativa para isso. “Aqueles que estão muito radicalizados politicamente e ideologicamente também utilizam as redes. E, como são os mais fanáticos, são os mais visíveis. Além disso, as pessoas buscam os grupos nas redes sociais que se relacionam, que se identificam, e não olham para os outros “, observou.

Ele acrescenta que as pessoas tendem a buscar grupos nas redes sociais que compartilhem de suas visões e identidades, negligenciando perspectivas diferentes. O professor também defendeu que a regulamentação das redes era necessária para combater esse efeito de ampliação e, assim, garantir a estabilidade dos regimes democráticos. Na avaliação dele, a polarização estava relacionada com crises vividas pela sociedade, como a “globalização descontrolada” e a desigualdade social extrema.

Confira o vídeo completo do seminário:

O presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco, também foi uma das autoridades presentes no seminário. Para Pacheco, as palestras do seminário tiveram o objetivo de debater os riscos e as oportunidades do uso da tecnologia para o “presente e futuro da democracia”. Ele afirmou que os desafios do advento da tecnologia na sociedade incluem a relação com a radicalização de posições políticas: “O otimismo inicial de que as novas tecnologias abririam caminho para a democracia direta, para uma participação popular maior e mais efetiva no processo de deliberação nacional para a constituição de uma verdadeira ágora digital, foi substituído pela preocupação com a radicalização de toda a natureza”.

No evento, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), que ocupava o cargo de primeiro-secretário e presidente da Comissão Curadora dos 200 Anos do Senado, declarou que o combate ao mau uso das novas tecnologias não deveria impedir avanços em prol da própria democracia. “Todas as estratégias nefastas que procuram abalar o sistema democrático devem ser combatidas com firmeza. Esse combate, contudo, não pode impedir o emprego benéfico das tecnologias digitais em favor da própria democracia. É esse tênue equilíbrio que devemos buscar como legisladores, pesquisadores ou em qualquer área de atuação.”

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