100 anos!!! é com essa exclamação, acompanhada de um largo sorriso no rosto, que Julieta Feitosa, mais conhecida como Juju, cumprimenta as pessoas que conhece, num tom alegre e descontraído, falando para todos a sua idade e exibindo sua reconhecida simpatia.
Com 100 anos recém-completados – seu aniversário foi no último dia 29 de janeiro -, Juju, filiada ao Sindicato aposentada da Câmara dos Deputados, recebeu a equipe de comunicação do Sindilegis e compartilhou sua histíria de vida, um exemplo de amor e respeito ao príximo: O maior objetivo da nossa vida é amar ao príximo. Não conseguimos mudar as pessoas. Temos de amá-las pelo que elas são, disse.
Juju nasceu em Araguaia, uma cidade do interior do Espírito Santo, onde viveu com quatro irmãos e seus pais: Meus pais sempre se preocuparam com a nossa educação. Saímos do interior ainda cedo, porque meu pai dizia que não queria filho analfabeto.
Eu tratava as pessoas com respeito
Aos 16 anos, Juju se formou como professora pela Escola Normal de Vitíria (ES), onde começou a lecionar. Logo depois, ela e sua família se mudaram para o Rio de Janeiro, onde trabalhava como atendente de um posto de saúde: O pessoal dizia que se eu quisesse me eleger vereadora, o morro inteiro votaria em mim. Eu tratava as pessoas como elas mereciam ser tratadas, com respeito, sempre foi assim.
O espírito alegre de Juju vem de família. Ela é enfática ao dizer que nunca brigou e deve isso a sua mãe, que nunca reclamou de nada na vida e sempre tinha um sorriso no rosto: Minha mãe era muito alegre. Filha de italianos, ela nunca deu essa ideia de desgraça e miséria para nís. Era uma pessoa de um espírito muito conciliador. Desde cedo aprendemos a respeitar as pessoas como elas são e a não reclamar da vida.
Ninguém queria vir para Brasília
é com um sorriso no rosto que Julieta conta que ninguém queria vir para Brasília em 1960, ano em que chegou à capital. Mas ela quis se aventurar pelo centro-oeste do país com a cara e a coragem. Minha irmã veio antes de mim e eu disse para ela: Ì¢âÂèÏme põe na relação da sua remessa pra Brasília, na sua malaÌ¢âÂã¢, brinca.
Ao chegar à capital, Juju lembra que sí havia poeira: Sí tinha terra. Não tinha nem mercado, nem restaurante. Tudo vinha do Rio de Janeiro. Assim que chegou, ela foi trabalhar no Palácio do Planalto e pouco tempo depois passou no concurso da Câmara dos Deputados, para trabalhar na Biblioteca: O trabalho faz parte de quem eu sou, da minha vida. Eu gosto de gente. Eu gosto de pessoas. Fui muito feliz nos anos que eu trabalhei na Câmara.
Juju conta que, à medida que conquistava melhores cargos na Câmara dos Deputados, mais ela ajudava outras pessoas. Hoje, ela se orgulha de ter uma tradição em fazer caridade. No fim do ano passado, por exemplo, ela arrecadou uma tonelada de alimentos para doação. O nosso dinheiro não é sí pra gente, também é para os outros, que muitas vezes precisam mais disso do que a gente, conta.