Debates para promoção de políticas públicas para a mulher avançam no projeto Quintas Femininas

De 188 países analisados pela Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres – entidade voltada para a igualdade de gênero-, o Brasil está entre os últimos em termos de participação de mulheres na política: no ranking, o país ocupa o lamentável 156º lugar.

No Legislativo Federal, são apenas 45 deputadas em um universo de 513 parlamentares. No Senado Federal não é diferente: de 81 vagas ocupadas, somente 9 são de senadoras.

Para tentar mudar este quadro, o projeto Quintas Femininas promove diversas mesas redondas virtuais e presenciais para discutir a participação das mulheres na política. Organizado pela Secretaria da Mulher da Câmara e pela Procuradoria da Mulher do Senado, a cada mês o projeto ocorre em uma das Casas.

A intenção é colocar esta e outras questões em discussão para ampliar o efetivo na política e incluir na agenda pautas referentes à saúde da mulher, discriminação, desigualdades e diversos temas. Vale lembrar que as mulheres representam mais da metade da população brasileira e, por isso, a representação ainda é muito pequena.

A diretora de igualdade de gênero do Sindilegis, Giovana Perlin, participou de um debate virtual ocorrido no dia 25 de setembro, no laboratório hacker na Câmara dos Deputados e pode contribuir através de seu conhecimento sobre políticas de gênero. “Há tempos trabalho pensando sobre mulheres, homens e sociedade. Por isso acho extremamente importante esta discussão, pois veremos que o espaço público, em toda história deste país, nunca foi aberto às mulheres. As Quintas promovem esta inserção das mulheres na política de forma eficaz”, afirmou.

Quintas Femininas promove audiência sobre câncer de mama no Outubro Rosa

A qualidade da informação e o rastreamento e prevenção do câncer de mama por meio de mamografias foram discutidos, nesta quinta-feira (16), em audiência pública sobre o Outubro Rosa, realizada no âmbito do programa Quintas Femininas. A moderação na frequência do exame na faixa etária abaixo da recomendada pelo Ministério da Saúde, que é de 50 a 69 anos, foi uma das orientações dadas pelos profissionais que participaram do debate.

De acordo com a médica Carolina Fuschino, da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o ideal é direcionar a realização das mamografias para a chamada faixa prioritária, na qual há maior impacto na diminuição da mortalidade, mas sem abandonar as outras. “A partir dos 40 anos, algumas organizações médicas sugerem que se faça o exame para o chamado rastreamento, para mulheres com baixa probabilidade de desenvolvimento de tumores, porque também há um impacto na mortalidade, embora menor”, relatou.

A mudança de postura se deve, entre outros pontos, ao chamado overdiagnóstico. De acordo com Arn Migowski, sanitarista, epidemiologista, tecnologista da Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede do Instituto Nacional de Câncer (Inca), muitos dos casos detectados num estágio bem inicial poderiam nem mesmo ter se desenvolvido e se tornado câncer. “Além disso, pesquisas demonstram que, mesmo com o crescimento do diagnóstico precoce de tumores nas mamas, a sobrevida das mulheres não aumentou significativamente”, confirmou.

Os dois médicos mencionaram um estudo canadense que acompanhou por 25 anos grupos de mulheres que se submeteram ao rastreamento por mamografia e outras que fizeram apenas o exame físico. No entanto o relato deste estudo não retrata a realidade brasileira. “No Canadá, um mês depois de detectado o tumor, a paciente já está em tratamento. No Brasil não conseguimos nem rastrear”, registra Carolina Fuschino.

Ambos os médicos também refutaram a ideia de que o rastreamento se tornou inútil e concordaram que ele deve ser realizado após debate com o profissional médico, considerando malefícios e benefícios. Eles insistiram que a educação, a percepção corporal e uma vida saudável, com alimentação equilibrada, são essenciais para a saúde da mulher.

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