Mozart Vianna se despede da Câmara apís 24 anos frente à Mesa Diretora

Um dos mais importantes servidores da Câmara dos Deputados, Mozart Vianna, deixa o serviço público depois de 40 anos de brilhante atuação na Casa. No lugar dele, assume o servidor Silvio Avelino da Silva, atual diretor o Departamento de Comissões. Somente como secretário-geral da Mesa Diretora, cargo que deixará com a aposentadoria, foram mais de 24 anos.

Ex-seminarista fransciscano, Mozart também foi peça-chave nos bastidores de decisões importantes na história do Parlamento, como o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, a Lei da Ficha Limpa e até a Assembleia Nacional Constituinte. Em 2011, Mozart decidiu que era hora de se aposentar, mas voltou ao cargo em 2013. Hoje, aos 63 anos, ele conta que chegou a hora de se aposentar de vez. “Eu já trabalhei muito, 40 anos é um tempo de trabalho muito bom. Eu também preciso me dedicar à minha vida pessoal e à minha família. Por isso, entendi que essa era a hora certa”, afirmou.

Segundo Mozart, todos esses anos de atuação foram fantásticos e os ajudaram a crescer profissionalmente. “Sem dúvida foi muito trabalho, mas o grande fator é que nem sempre há reconhecimento para quem está de fora, pois parece que aqui não se trabalha, mas trabalhamos muito, principalmente para a sociedade. Então, nesses 26 anos que atuei na Mesa Diretora, pude observar o Poder Legislativo se afirmando em momentos de amplas liberdades democráticas e trabalhando junto com os outros poderes em prol da sociedade”, esclareceu.

De acordo com o servidor, tanto a Câmara quanto o Senado tem um corpo técnico da mais alta competência, que possui boa vontade, entusiasmo e comprometimento com o serviço público. “Não temos hora e, às vezes, temos um trabalho muito tenso. Trabalhamos com demandas simultâneas em várias ocasiões. São mais de 513 parlamentares, Mesa Diretora, lideranças partidárias. Fora isso, eu também sempre procurei ajudar as pessoas, desde os cidadãos mais simples até a mais alta autoridade. Então, um trabalho como esse não deixa de ser entusiasmante”, enalteceu.

Foi durante a elaboração da Constituição de 1988 que ele ganhou o apelido de “Espírito Santo do ouvido”, dado pelo ex-deputado Ulysses Guimarães, graças a seu profundo conhecimento do processo legislativo e suas orientações decisivas. Questionado sobre um momento importante em sua carreira, ele não teve dúvida em apontar os dois anos da Assembleia. “Saímos de um período de trevas, do regime de força, liberdade de imprensa cerceada, um momento de sistema autoritário, digamos assim, para um país livre e com democracia. Por isso, acredito que acompanhar esse processo foi fundamental para mim”, garantiu.

Outra coisa que sempre o orgulhou muito foi abrir o jornal no dia seguinte e verificar um fato ocorrido no Congresso, uma votação de uma comissão, e ter estado lá e ajudado. “O Congresso não é só um setor de executar medidas, mas um lugar de apresentar proposições, achar caminhos e trilhar uma direção. Isso, sim, é participar ativamente, é um trabalho fantástico”, concluiu.

 

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