Diretor do Sindilegis discute autos da democracia em novo artigo

Autos da Democracia

O mundo está testemunhando uma democracia amadurecida, com todos os postulados democráticos funcionando. Uma beleza. Funcionam o Supremo Tribunal Federal e todo o Judiciário, o Congresso Nacional, em conjunto ou separadamente, e o Executivo. Uma beleza.

Está tudo parecendo aqueles carros conceitos colocados em exposições automobilísticas, mas que ainda não estão prontos para o mercado. É exatamente isso que estamos vivendo.

O Poder Judiciário, acusado por todos e de todos os lados de corrupção e de abuso de poder; o Poder Legislativo, segue na mesma toada, com alguns heroicos Quixotes que ainda reagem, enxergam algum ideal, ainda que longínquo; o Ministério Público da União, com paladinos exemplares, também sofre com muitas acusações pesadas; por último, ou por primeiro, o Poder Executivo, acusado de estar liderando as acusações de corrupção por comandar todo o esquema implantado no País.

Mas, não podemos esquecer que a corrupção é inata, está no homem, no poder. Não devemos esquecer que para isso existe um aparato legal que poderia estar funcionando mas, que no Brasil, foi criado para não funcionar e tudo que se faz é dificultar seu funcionamento, colocando toda a culpa nas polícias, a linha de frente que é abatida, literalmente, em ações, tanto fisicamente quanto legalmente.

A democracia brasileira parece estar seriamente doente e os estrangeiros, talvez por não falarem português, não enxergam, ou não querem enxergar. Pode ser conveniente. Mas estamos marchando na direção de nos tornarmos uma democracia bolivariana, cubana, argentina ou outras mais que poderíamos citar em toda a América do Sul. Esquecemo-nos, em algum lugar, do orgulho patriótico, do orgulho de sermos uma nação, do orgulho de sermos brasileiros, de que já fomos colônia, escravos, nos tornamos livres e não foi de graça, e nos deixamos tornar escravos, novamente. Escravos de uma democracia de mentira, de uma mídia totalmente vendida, escravos do poder econômico que comprou nossos dirigentes, toda nossa mídia, toda nossa comunicação, nossa alma, e, quando nos dermos, realmente, conta do que está ocorrendo, pode ser tarde, pode exigir que derramemos nosso sangue e, seguramente, o de nossos filhos e netos.

Matérias publicadas na mídia que o Poder Econômico invade nossa Casa – com letra maiúscula porque me refiro à Câmara dos Deputados. A Casa tem um presidente que surpreendeu, ganhou eleições, votações e ganhou força, força suficiente para querer tomar o estacionamento do Anexo IV para construir shoppings.

O cidadão não tem nenhuma informação, mas o presidente quer fazer uma PPP – que virou moda, já fez, até, uma pesquisa de interesse. E como ficariam os servidores e visitantes da Câmara dos Deputados? Terão que pagar por tudo, inclusive estacionamento? Pagar para trabalhar ao próprio empregador privatizador?

É importante que esse assunto seja mais bem discutido, que não seja um arroubo de autoridade. Esse espaço é da União, tombado. Tal projeto está indo na contramão do razoável. Do outro lado, o povo defende como mais razoável diminuir o número de benesses, de servidores e de parlamentares, por não existir nenhuma necessidade de tantos deputados nem de o deputado ter 25 servidores em seu gabinete. É preciso, também, pensar que existe um crescente número de partidos e de lideranças, que demandam espaços e mais servidores. Hoje são 28 partidos com representantes eleitos, amanhã, poderão ser 60. Depois de amanhã, quantos?

Se temos que repensar o Brasil, que tal começarmos a fazer o dever de Casa?

Por Ogib Teixeira Filho

Diretor de Aposentados e Pensionistas do Sindilegis

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