Após ser diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e perder a fala, José Afonso Braga desenvolveu o WeCanSpeak voltado para facilitar processo de conversação
Como conviver com uma doença degenerativa e sem cura que em pouco tempo o paralisa totalmente? Esse foi o desafio imposto ao servidor aposentado do Senado José Afonso Braga. Diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) em 2013, o engenheiro de software viu sua vida mudar de rota. “Eu tinha 42 anos e estava no auge da minha vida pessoal e profissional. Foi como receber uma sentença de morte. A partir daí, tudo mudou, meu mundo foi destruído, meus sonhos despedaçados. A adaptação às mudanças não foi rápida e, muito menos, fácil”, conta.
O avanço da doença foi rápido. Além de perder a mobilidade, Zé, como gosta de ser chamado, ficou sem voz em meados de 2014. Ele utilizava tabelas de comunicação e soletração, mas o processo era muito cansativo. Foi quando o engenheiro descobriu a tecnologia de rastreamento ocular, que converte o movimento dos olhos em operações de um mouse. “Eu consegui ter controle total do computador. Durante mais de um ano eu testei vários aplicativos de comunicação que transformam texto em fala. Após ficar insatisfeito com todos eles, eu resolvi colocar a minha experiência em desenvolvimento de software em prática e fazer o meu próprio aplicativo”, explicou. E então, após muito trabalho e estudo, nasceu o aplicativo WeCanSpeak (Nós podemos falar, em inglês).
“O processo foi demorado e trabalhoso, mas também muito gratificante. O WeCanSpeak foi criado para agilizar, o máximo possível, o processo de conversação de uma pessoa com deficiência na fala, não só pacientes de ELA. Eu tenho recebido muitas mensagens de agradecimento de usuários do mundo inteiro. Acho que o objetivo foi atingido. O aplicativo está sendo útil para muitas pessoas”, afirmou. O WeCanSpeak é gratuito e já conta com mais de 1.400 usuários em 85 países. O aplicativo está disponível para download aqui.
A história de José e o otimismo com que ele enfrenta as dificuldades chamam a atenção. Fica a pergunta: o que o motiva a encarar as coisas dessa forma? Ele responde: “A presença e o apoio da família e dos amigos são fundamentais nesse processo. E eu sou um privilegiado nesse sentido. O aprendizado mais importante, e que direciona a minha vida atualmente, é nunca deixar a doença e a tristeza que ela causa tirar a minha alegria de viver. Devemos celebrar a vida sempre, da melhor forma que ela nos permitir”, declarou.
E essa trajetória de fé, coragem e superação virou livro: ELA não venceu. A obra recém-lançada conta como a vida de José, sua esposa e seus três filhos foi modificada e transformada. Para mais informações sobre como adquirir o livro acesse: www.joseafonsobraga.com
Sobre a ELA
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença degenerativa que ataca o sistema nervoso – os neurônios responsáveis pelo controle da musculatura do corpo. Os pacientes sofrem de paralisia gradual e morte precoce, resultado da perda de habilidades como fala, deglutição e respiração. Cerca de 25% dos pacientes sobrevivem por mais de cinco anos depois do diagnóstico. Normalmente, é observada em pessoas entre 55 e 75 anos. As causas não são conhecidas, mas, em 10% dos casos, é resultado de defeito genético.
Um dos portadores mais conhecidos da doença foi o físico britânico Stephen Hawking, considerado um dos maiores cientistas da história. Hawking morreu em 2018, aos 76 anos devido a complicações da doença.