Senado lança exposição Memírias Femininas da Construção de Brasília

A enfermeira Alice Andrade Maciel se lembra com nostalgia da época em que chegou a Brasília. Vinda de Goiânia, Alice veio morar na capital federal ainda nos primeiros anos da sua construção e aqui se estabilizou, formando família, criando filhos e desenvolvendo sua carreira. Assim como dona Alice Maciel, muitas outras mulheres também fizeram parte da história de Brasília e foi em homenagem a elas que o Senado Federal lançou, nesta quarta-feira (18), a exposição “Memórias Femininas da Construção de Brasília”.

A exposição retrata o protagonismo das mulheres na construção da capital federal e apresenta a memória do contingente feminino, remetendo a uma época singular da história do Brasil. A mostra traz acervos raros e inéditos de mulheres pioneiras, tais como imagens, cartas, documentos, fotos e objetos pessoais, que recuperam o papel feminino nos primórdios da capital.

De acordo com a curadora da mostra, a servidora Tânia Fontenele, a iniciativa teve início em 2009, no aniversário de 50 anos da capital. De lá para cá, segundo a curadora, o Senado tem buscado explorar cada vez mais esse importante período da história. “Poder mostrar a perspectiva de toda essa saga da construção de Brasília e com a participação das mulheres efetivamente é algo muito importante e emocionante”, ressaltou.

De acordo com a senadora Vanessa Grazziotin, a exposição auxilia na construção da imagem das mulheres, uma vez que mostra que não apenas os homens fizeram a história nesse período, mas também o gênero feminino contribui para o estabelecimento da capital em Brasília. Grazziotin também destacou a necessidade de se continuar a luta pelo reconhecimento das mulheres nos dias atuais.

“Nós não só cuidamos da casa, do marido, e dos filhos, e fazemos essas atividades quase com exclusividade, mas também constituímos mais de 40% da produção nacional. Mas temos que amargar 30% a menos no salário e um processo de violência muito maior do que aquela violência que todo ser humano está sujeito em nossa sociedade”, lamentou. “Precisamos continuar a nossa luta pelo reconhecimento”, complementou a senadora.

 A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, também marcou presença na abertura do evento e relatou que a exposição revela que as mulheres podem ocupar qualquer cargo na sociedade brasileira. Trombka também destacou que o Senado tem investido em políticas de apoio às mulheres, inclusive com lançamento de programas voltados para o gênero.

“No final deste mês, vamos lançar a sala de amamentação. Queremos estimular a amamentação, que até os seis meses deve ser a única forma de alimentação do bebê, e a continuidade. Se podemos facilitar isso dentro do ambiente de trabalho, temos que fazer, porque cuidar de primeira infância também significa cuidar de igualdade”, disse a diretora-geral.

Para o vice-presidente do Sindilegis para o Senado Federal, Petrus Elesbão, a mostra vem em um momento propício para se relembrar a história de todas aquelas que se dedicaram, direta ou indiretamente, para a construção de Brasília. “Sabemos da força que todas essas mulheres tiveram e dos inúmeros percalços que enfrentaram para se estabelecer até aqui, criar os seus filhos e construir uma vida em um local onde não havia qualquer estrutura. Então elas são as verdadeiras guerreiras e merecem essa homenagem”, declarou Elesbão.

Mulheres pioneiras

A dona Tereza Rollemberg foi uma das pioneiras de Brasília e esteve presente na exposição. Mãe do atual governador da capital, Tereza se comoveu ao recordar toda história vivenciada por ela no início da construção de Brasília. “Eu sou fácil de me emocionar e estou muito emocionada, recordando tudo e achando que tudo é absolutamente verdadeiro. Sem dúvida também sou uma mulher pioneira com muito orgulho”, assegurou.

Alice Andrade Maciel, também pioneira e homenageada, contribuiu com a exposição com roupas, objetos pessoais da época e diversas fotos. Para ela, a mostra é um resgate de tudo que aconteceu na época. “É um reconhecimento de um trabalho árduo que tivemos no início de Brasília. Eu me sinto recompensada e feliz por alguém se lembrar da gente. Eu amo Brasília como se fosse uma filha”, ressaltou.

A exposição vai até o dia 30 de maio e é aberta ao público no Salão Negro do Congresso Nacional. Participe!

Compartilhe:

Veja também: